Honbu dojo - Noda/Japão

Ninjas e Samurais

Muito que se conhece hoje sobre ninjas e samurais advêm da cultura pop: filmes, desenhos, romances, história em quadrinhos, videogames. De fato, nos últimos dois séculos criou-se uma mitificação sobre estes guerreiros do Japão feudal ao ponto de que, mesmo hoje, as representações nas artes ainda mantêm vários estereótipos surgidos nesse período, um deles é o uso da palavra ninja, termo que não era utilizado no Japão feudal, mas que começou a ser usado pelos estrangeiros no século XIX para se referir aos guerreiros conhecidos como shinobi. No entanto, o termo foi tão difundido, que acabou se tornando comum usá-lo.

A proposta deste texto é apresentar quem foram os ninjas, quando eles surgiram, porque surgiram. A época que estiveram em maior evidência e seu papel nas guerras feudais contra os samurais. Por sua vez, também comentarei acerca dos samurais, os quais são bem mais antigos que os ninjas, além de terem formado uma classe guerreira que governou o Japão por quase 800 anos. Aqui conheceremos a origem dos samurais e como eles se tornaram uma classe poderosa e governante.

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1) A origem dos shinobis:

Os ninjas ficaram conhecidos na história e na cultura pop como habilidosos guerreiros, especialistas em artes marciais, os quais empregavam táticas de batalha não convencionais envolvendo armadilhas, emboscadas, espionagem, sabotagem, disfarce, invasão e assassinato. Os ninjas ficaram conhecidos como um grupo de assassinos especializados que usavam um uniforme preto, os quais eram temidos e respeitados por suas habilidades às vezes “sobre-humanas” ou “mágicas”. No entanto, isso é a lenda. Qual é a história real?

Stephen Turnbull (2007, p. 144), especialista em história militar japonesa, diz que os shinobis surgiram a partir de dois tipos de guerreiros: o espião e o mercenário, e ambos os tipos já eram bem antigos no Japão. A ideia de que a espionagem nasceu com os ninjas, não é verdade. Séculos antes de os ninjas aparecerem, por volta do século XV, já havia espiões (sekko) e missões de espionagem (kancho). Não obstante, no que diz respeito aos mercenários, não havia um exército nacional no Japão, mas sim milícias e depois exércitos provinciais, subordinados a dáimios (senhor feudal) e outros samurais. Neste caso, fazia-se necessário o recrutamento de mercenários para compor as frentes de batalha ou para exercer atividades de espionagem, sabotagem, sequestro e assassinato.

Assim, desde o século X, encontram-se alguns relatos sobre guerreiros que teriam assassinado aristocratas ou nobres, incendiado castelos, sabotado e espionado, mas não se pode chamá-los de ninjas de acordo com Turnbull (2014, p. 10-11), pois ele alega que a ideia de um grupo ou uma sociedade de shinobis consistiu numa “tradição inventada” no século XVII, pois há dúvidas se realmente existiram grupos ou “escolas” onde shinobis eram treinados, anterior ao século XV. Não obstante, considerar que todo assassino furtivo e espião antes desse período seria um shinobi, é um erro. Inclusive considerar que mesmo entre os séculos XV e XVII, todos os atos de espionagem e assassinato furtivo fossem cometidos por shinobis, também é um exagero.

E isso se deve ao fato do pouco material histórico que se possui sobre os shinobis. Embora haja relatos sobre as atividades de alguns deles, desconhecem-se seus grupos, sua disciplina, suas identidades. Em geral os ninjas eram guerreiros anônimos e morreram no anonimato e mesmo as histórias que abordam alguns feitos notáveis devem ser lidas em ressalva, pois, a partir do século XVII, começaram a surgir contos romantizando os shinobis. De qualquer forma, a tradição diz que os ninjas surgiram na antiga província de Iga (atual oeste de Mie) e na cidade de Koga (hoje em Shiga).

Em meados do século XV, eclodiu em 1467 a Guerra de Onin, a qual lançou o país numa série de conflitos, ao ponto de lançar o Japão numa violenta guerra civil que durou pelo menos cem anos. A autoridade do Xogunato Ashikaga foi desafiada por vários dáimios e isso gerou uma divisão territorial no país, onde províncias começaram a se rebelar e a atacar umas às outras. Alianças militares e políticas se faziam necessárias, mas, ao mesmo tempo, também eram perigosas, pois não raramente traições banhavam de sangue algumas reuniões. E neste período turbulento, o qual ficou conhecido como Sengoku (“país em guerra”, “país dividido”, “guerras feudais”), os ninjas apareceram.

O surgimento dos ninjas é um mistério, pois não se sabe realmente quando eles começaram a operar no século XV, pois hoje historiadores contestam a versão de que Iga e Koga tenham sido o centro de origem desse grupo de guerreiros, embora se saiba que de fato havia grupos operando nas regiões e até mesmo com sede em Iga, como atestam alguns relatos da época. Não obstante, devido a efervescência do estado de guerra que o Japão vivenciava, fazia-se necessário estar pelo menos dois passos à frente de seus inimigos; daí a necessidade de espioná-los, roubar informações, sabotar armamentos, depósitos; incendiar mantimentos, sequestrar homens importantes ou membros de sua família para negociar resgates, tréguas, etc., ou assassinar os adversários e desestabilizar a ordem deles (TURNBULL, 2004, p. 9).

No que se refere ao termo ninja, este surge no século XX, mas por influência ocidental, na época em que o Japão se modernizava. Inclusive o termo se tornou popular no Ocidente, depois que passou a ser mais bem aceito pelos japoneses. Ninja seria uma junção das palavras nin + ja = “homem de sigilo”, embora Stephen Turnbull (2014, p. 13) aponte que a palavra ninja tenha sido uma invenção contemporânea para se referir ao termo shinobi no mono, termo original usado para se referir a estes guerreiros, inclusive nos próprios documentos encontra-se a palavra shinobi, mas nada de ninja. Sendo shinobi uma variação para “espião” ou “aquele que age com furtividade”.

Green (2001, p. 355) aponta que além da palavra shinobi, havia outros termos para se referir aos ninjas como: onmitsu (agente secreto), rappa (“onda selvagem”), suppa (“onda transparente”), toppa (“onda de ataque”), kasa (grama), monomi (vidente de coisas) e nokizaru (“macaco sobre o beiral”). Com exceção da palavra shinobi e onmitsu, nota-se que as demais palavras para se referir aos ninjas, eram gírias.

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As técnicas de batalha dos shinobi ficaram conhecidas como ninjutsu, embora não se saiba quando essa arte marcial tenha surgido, pois lendas permeiam suas origens, remontando seu início a antes do século XV. De qualquer forma, no século XVII, eram reconhecidas três escolas (ryûha) principais: Iga-ryû, Koga-ryû e Kishû-ryû. Estas escolas originaram-se no século XV e eram conhecidas por serem as referências no treinamento da arte do ninjutsu (GREEN, 2001, p. 354).

Para além da habilidade de luta desarmada, o shinobi aprendia a lutar com espadas, arco e flecha, lança e outros tipos de armamentos. Ele também era ensinado a andar, prender a respiração, escalar, correr por diferentes terrenos; andar sorrateiramente, evitando fazer barulho; aprendia cavalgar, preparar veneno, preparar medicamentos; fazer explosivos; usar disfarces; usar camuflagem; técnicas de espionagem e sabotagem; técnicas de estratégia; aprendia a ler, contar, informações sobre geografia, topografia, meteorologia, etc. Como se tratava de um guerreiro que exercia várias funções, diferente dos samurais os quais basicamente lutavam a guerra convencional ou realizavam escoltas e vigilância, o shinobi era treinado em distintas habilidades. (GREEN, 2001, p. 355).

No século XVII, época que se conhece os mais antigos livros e manuais sobre ninjutsu, a escola Togakure-ryû, em Iga, estabeleceu 18 disciplinas de estudo para o ninjutsu, sendo que algumas destas disciplinas ainda hoje são ensinadas (WILHELM; ANDRESS, 2011, p. 10):

1. Refinamento espiritual (seishin teki kyoyo)
2. Combate desarmado (taijutsu)
3. Arte da espada (kenjutsu)
4. Arte do bastão (bojutsu)
5. Arte da shuriken (shurikenjutsu)
6. Arte da lança (yarijutsu)
7. Arte da naginata (naginatajutsu)
8. Arte da kusarigama (kusarigamajutsu)
9. Arte dos explosivos (kayakujutsu)
10. Arte do disfarce (hensojutsu)
11. Arte da furtividade (shinobi-iri-jutsu)
12. Equitação (bajutsu)
13. Treino aquático (sui-ren)
14. Estratégia (bo-ryaku)
15. Espionagem (cho bo)
16. Escapismo (intonjutsu)
17. Meteorologia (ten-mon)
18. Geografia (chi-mon)

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No que diz respeito ao treinamento shinobi, como em outros treinamentos de artes marciais, a disciplina e o foco nos exercícios, sempre foram algo bastante cobrado durante os treinos. Da mesma forma que um samurai era educado e instruído num código de marcialidade, de honra e de obediência, o ninja também passava pelo mesmo, mas a diferença residia no quesito de honra. O bushidô como veremos, possuía posturas quanto ao que seria honrado e desonrado se fazer.

É claro que nem todo samurai seguia à risca tais posturas, mas no caso dos ninjas havia estas posturas, mas a ideia de honra era diferente. Enquanto para um samurai, matar seu oponente numa luta justa era algo que se presava, para o ninja isso não tinha tanto valor, pois eles necessitavam em algumas missões matar o oponente desarmado ou enquanto dormia ou enquanto passeava, estava no banheiro, comendo, etc. (TURNBULL, 2007, p. 155).

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No caso das ninjas mulheres, chamadas de kunoichi a partir do século XVII, pois antes usava-se o termo shinobi, independentemente do sexo, pouco se conhece da atuação de mulheres ninjas. Mas sabe-se que quando tinham que se disfarçar, normalmente disfarçavam-se como serviçais, empregadas, prostitutas, concubinas, pois era mais fácil adentrar o círculo pessoal de algum homem importante e espioná-lo ou matá-lo.

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Shinobis e Samurais durante um cerco. Ilustração de Wayne Reynolds. Fonte TURNBULL, Stephen. Ninja AD 1460-1650, 2003.

2) A origem dos samurais:

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Para Yamashiro (1964, p. 59), o guerreiro samurai ou bushi, como também eram conhecido, surgiu no Período Heian (794-1185), talvez entre os séculos X e XI, época em que a aristocracia rural conquistou grande autoridade e riqueza devido ao controle dos shoen (feudos), o que acabou levando os imperadores a intervirem nesta questão de terras e política. Como não havia um exército fixo propriamente, então estes chefes começaram a recrutar a população rural, armá-los, equipá-los e até a fornecer treinamento. A partir destas milícias rurais os samurais surgiram. Com o passar dos anos, estas milícias amadoras se especializaram na arte da guerra, então o samurai deixava de ser um simples miliciano para se tornar um soldado profissional. Isso ocorreu ainda no século XI, pois no período de transição para o Período Kamakura (1185-1333), os samurais já eram soldados profissionais e compunham uma classe militar.

Para Stephen Turnbull (2005, p. 9), os samurais surgiram no século X, pois naquele século, já se encontram relatos históricos de alguns líderes notórios, como Taika no Masakado (c. 903-940), bisavô do imperador Kanmu. Masakado pertencia ao tradicional e importante Clã Taika, o qual possuía ligações com a nobreza. De fato, ele pertencia a baixa nobreza, tendo servido ao imperador por alguns anos em data ainda não precisada. No entanto, em 931, o estadista Fujiwara Tadahira, como recompensa pelos serviços de Masakado, lhe deu terras ao norte, próximo do que hoje é Tóquio. Masakado se mudou para lá e estabeleceu sua vida, no entanto, o fato dele ser um Taika, acabou atraindo a atenção de um clã poderoso da região, os Minamoto. Não se sabe ao certo, os motivos pelos quais Masakado entrou em conflito com os Minamoto, pois em 935, tentaram matá-lo. Em resposta, ele formou uma milícia e decidiu retaliar o ataque.

Além dos Minamoto, Taira no Masakado acabou fazendo outros inimigos como Okiyo Okimi, Taira no Sadamori (parente seu) e Fujiwara Hidesato (político e militar, primo de Tadahira). Além de lutar contra estes homens, Masakado entrou em disputas de terra e políticas, envolvendo a província de Hitachi e outros territórios vizinhos, o que levou a ser investigado e acusado pelo Estado, por alguns crimes. Neste ponto, Masakado tornou-se um rebelde, pois negou-se duas vezes a comparecer ao tribunal da corte para se explicar. Sua fama levou ao surgimento de contos como o Shomonki, o qual narra de forma parcialmente ficcional a “rebelião de Masakado”. Nesta história e em outros contos é dito que Taira no Masakado pretendia se proclamar “imperador”. Foi morto em combate, como um rebelde. (TURNBULL, 2005, p. 10).

Turnbull (2003, p. 13) assinala que além do fato do destaque de Taira no Masakado em sua rebelião de cinco anos, ele salienta que o registro histórico mais antigo para a palavra samurai (“aquele que serve”), no sentido para se referir a soldado, data do século X. O termo foi empregado para se referir aos homens que iam para a capital Kyoto se alistar no serviço policial, militar e de guarda. No entanto, ainda naquele século, durante os conflitos entre dáimios, o termo samurai também foi usado para referir-se aos homens recrutados para formar as milícias destes senhores.

Bryant (1989, p. 3) aponta que a palavra samurai veio do antigo verbo saburau (“aquele que serve”). No Período Heian, a língua japonesa observou uma mudança tanto na escrita, pois foram criados os alfabetos do katakana e do hiragana, como também ocorreu mudanças fonéticas, entre as quais a substituição da palavra saburau por samurai.

Por outro lado, os samurais também eram chamados de bushi, termo usado para se referir a guerreiro, não havendo uma distinção clara entre o tipo de guerreiro, pois o samurai, como veremos adiante, se tornou um soldado profissional e acabou compondo uma classe marcial.

Não obstante, o que pouca gente sabe é que havia samurais mulheres. Não existe um termo específico para samurai mulher como kunoichi (“shinobi mulher”), o que revela que o significado da palavra samurai “aquele que serve”, era aplicado tanto a homens quanto a mulheres. Todavia, é preciso salientar que houve poucas mulheres samurais, mas chegou a haver tropas de mulheres as quais até participaram de algumas batalhas.

As primeiras samurais mulheres de que se tem notícia datam do século XII, sendo Tomoe Gozen (c. 1157-1184), a mais famosa samurai mulher daquela época, tendo lutado nas Guerras Genpei (1180-1185), onde veio a falecer em combate. Gozen, segundo os relatos, decidiu apoiar os Minamoto na guerra, então acompanhou Minamoto Kiso Yoshinaka na Batalha de Awazu (1184), onde faleceu em combate. Embora tenha morrido prematuramente, o fato de uma mulher vestir uma armadura samurai e seguir para o campo de batalha foi notável (TURNBULL, 2010, p. 9).

A presença de mulheres na guerra não era algo inédito, embora não fosse regular, apenas eventualmente acontecia. Os relatos históricos apontam que nos séculos anteriores ao surgimento dos samurais, houve casos de guerreiras e até de tropas femininas atuando em algumas batalhas.

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Turnbull (1996, p. 11) aponta que antes da fama do samurai como incrível espadachim, manejando sua “lendária” katana, algo que surge bem depois, os primeiros samurais essencialmente eram uma infantaria leve, armada com arco e lança. Às vezes para a batalha levavam também uma espada, a qual ainda não era a famosa katana.

Não obstante, Turnbull (2005, p. 5) aponta que durante essa fase inicial dos samurais, ainda ligados ao arco e flecha e a cavalaria arqueira, encontram-se expressões que diziam que o “Caminho do Guerreiro” seria kyuba no michi (o caminho do cavalo e do arco) ou kyusen no michi (o caminho do arco e da flecha), o que revela essa forte ligação inicial do samurai com a artilharia e a cavalaria.

A medida que o samurai foi se profissionalizando na arte da guerra, ele aprimorou suas habilidades não apenas como espadachim, mas na luta desarmada, no arco e flecha, na luta com lança e no uso de armas de fogo. O treinamento dos samurais variou com o tempo, se pensarmos que eles agiram continuamente ao longo de sete séculos, todavia algumas habilidades básicas foram mantidas:

1) Luta desarmada (taijutsu)
2) Luta com espada (kenjutsu)
3) Arte de desembainhar a espada (iaijutsu)
4) Luta com bastão (jojutsu)
5) Luta com lança (sojutsu)
6) Luta com naginata (naginatajutsu)
7) Equitação (bajutsu)
8) Treino com arco (kyujutsu)
9) Treino com arma de fogo (hokajutsu)
10) Refinamento espiritual (seishin teki kyoyo)

Nos séculos XIV ao XVI, verdadeiros exércitos samurais seriam formados, compostos por milhares de guerreiros, auxiliados pelos ashigaru (soldado de infantaria leve), os quais formavam o grosso dos exércitos samurais. Muitas famílias samurais tornaram-se tradicionais, referências por seus descendentes dedicarem-se a arte da guerra ao longo de gerações, como também apresentavam-se como referências de honra e lealdade, e até mesmo de autoridade e poder (TURNBULL, 2007, p. 24). Nesse período também se destacou a participação de samurais mulheres em guerras entre 1574 a 1590 (TURNBULL, 2010, p. 6).

No século XVII e XVIII, com a diminuição das guerras, o recrutamento massivo caiu, no entanto, as linhagens samurais ainda se mantiveram, ao mesmo tempo em que embora as guerras tivessem diminuído, ainda havia grande procura pelas escolas marciais (GREEN, 2001, p. 190). Parte dos samurais tornaram-se professores, outros ainda continuaram a servir no exército, outros migraram para o funcionalismo público, alguns se tornaram monges, poetas, escritores; alguns mais influentes receberam terras, mas a maioria teve que procurar um senhor para servir em sua guarda ou em suas terras. Em outros casos, alguns tornavam-se ronin (samurai sem mestre), vagando pelo país, atrás de duelos, aventura, etc.
No século XIX, quando foi criado o exército nacional, muitos samurais que estavam desempregados ou não se acostumaram com a vida civil, ingressaram nas forças armadas, mas o prestígio social não era mais o mesmo. Algumas pessoas consideravam os samurais de baixa estirpe como encrenqueiros e representantes de um legado decadente.

No que se refere ao treinamento, os primeiros samurais eram essencialmente camponeses, os quais possuíam ou não conhecimento militar. Quando eram recrutados passavam por um treinamento básico de luta armada, de luta com espada, lança e arco. Posteriormente no século XI é que começaram a especializar alguns samurais no combate de arco montando a cavalo, formando a cavalaria arqueira. Com a consolidação do bakufu, os samurais passaram a serem treinados mais cedo, alguns iniciavam a formação na infância, outros na adolescência.

E. Green (2001, p. 13), diz que os samurais no kenjutsu usavam uma bokken (espada de madeira), quando estavam no início do treinamento ou em treinos mais avançados, cujo objetivo não era ferir gravemente o adversário. Todavia, samurais já com melhor grau de habilidade, dispensavam a bokken e treinavam com suas próprias espadas. Além disso, parte do treinamento do samurai com a espada, incluía o iaijutsu, saber desembainhar a espada rapidamente em um único golpe, preciso e poderoso, mas também dizia respeito em decorar todos os movimentos de ataque, esquiva e defesa. A repetição desses movimentos era constante até que o samurai chegasse ao nível de executá-los de forma mecânica.

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Curiosamente os samurais mulheres usavam principalmente naginata e arcos, embora elas também carregassem espadas consigo, as mulheres se especializaram na luta com lanças e arco e flecha, embora que a naginata usada pelas mulheres fosse mais leve do que a usada pelos homens (TURNBULL, 2010, p. 20-21). Mas é preciso lembrar que mesmo os samurais homens também até o século XVI, muitos lutavam com tais armas. A espada tornou-se a principal arma do samurai a partir do século XVII.

VILAR, Leandro. Ninjas x Samurais: crônicas de uma guerra feudal (XV-XVII). Disponível em: http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2016/07/ninjas-x-samurais-cronicas-de-uma.html. Acesso em 26.12.2016.

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